O entorno nos torna?

mariel fernandes.entorno

Relembro da chegada, a festa do reconhecimento, a saída para a estratosfera.Tudo era espaço, um grande passo para a humanidade, o início do espanto e o fim da espera. Revejo a alma enluarada, as esperanças estreladas, as mãos bailarinas. Tudo era espaço, abraços feitos de eternidade, a noite e seu misterioso manto, o infinito descansando no seu canto mais bonito. Refaço o caminho de volta, o ar me falta, a gravidade é zero, vejo os mapas e planos de voos. Tudo era espaço e mistura, curiosidade, portais sobre o sempre, e sobre o nunca mais. Resisti aos ventos das tempestades, ao rugir das saudades, aos silenciosos dias das névoas, à terra dos corpos andantes. Tudo foi para o espaço tortuoso onde a existência passa, onde o tempo desespera e onde o coração se desencontra da primavera. Retirado dos escombros, reaprendo os passos, tremo ainda, mas a vida já não se retira. Algo em mim respira, ainda que caminhe lento. Tudo agora é espaço, sereno e denso que troca, que toca, que bomba. Um tempo de águas. Um tempo de sombras. Um tempo que sobra, o destemperado tempo que faz de si mesmo sua melhor obra.

Publicado por

Mariel

Vale o que está escrito

20 comentários em “O entorno nos torna?”

  1. Mariel,
    Me vi e revi em suas palavras. E a frase “Algo em mim respira, ainda que caminhe lento.” já nao saem de minha cabeca.
    obrigada por acalmar meus medos e anseios.
    Um beijo de fa (teclado alemao sem acentos, sorry)

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  2. Costumo dizer e como descrevi no poema Tempo, muitas vezes damos tempo ao tempo, onde o tempo sempre nos encontra. Somos seres espirituais vivendo uma experiência material, alguns nem se aperceberam de sua matéria e fluem por entre nuvens sem temer o desconhecido, pois em verdade já sabem do espaço tempo que lhes acerca e mesmo nesse “renascer” caminham como se ainda fossem crescer. :-) Lindo seu poema amigo!

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    1. Kambami, te agradeço a alegria da visita. Na verdade, quando escrevo algumas coisas acabam rimando, não sei, às vezes acho engraçado, e você foi muito gentil chamando de poesia. Tenho visitado seu espaço e visto, aí sim, poesias muito sensíveis e reflexões importantes.

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      1. É assim que ocorrem, quando você diz, que escrevendo as rimas acontecem e com isso acredita até em ser engraçado, aproveito nessa resposta e lhe afirmo com todas as letras e rimas, e se as escritas não forem nossa e sim de alguém ao nosso lado? (Perceba que na resposta que dei o engraçado rima com lado) Já havia percebido isso em várias vezes que escrevia assim como percebi em sua escrita. É algo a refletir sim, pois a verbalização é algo muito interessante e me atrai de forma constante. :-)

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        1. É um jeito inusitado de ver, Kambami. Eu escrevo o que vivo, e só falo do que alcancei. Então desconheço se alguém ao meu lado escreve, mas não deixa de ser um possibilidade, às vezes assustadora, ah se é.

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