
“Ame-o ou deixe-o foi o slogan da ditadura, tempos ruins e sujeitos a bordoadas. Ali, o Brasil viveu um desses momentos exaltados pelos seus extremos e triste pelas dores causadas, cicatriz ainda intocável, tantas foram suas reaberturas sem a cura do perdão que só a justiça é capaz. É nesse quadro que Os Doces Bárbaros (Gil, Betânia, Caetano e Gal) surgem e dão à frase um destino mais humano, como só os bons artistas são capazes. No lugar do amor condicionado (ame-o ou deixe-o), propõem o lado pacificado do amor, com seu “ame-o e deixe-o”. Às vezes, ser o que ele é não preencherá nossos desejos e expectativas. Noutras, ir onde quiser não será ao nosso lado, mas ainda assim será preciso. Pode ser que você não faça parte da paz do seu afeto e isso não nos isenta de torcer para que durma tranquilo. O silêncio impera? ame-o e deixe-o. Precisa não vir, não estar, partir? Ame-o e deixe-o livre para amar. Os Veloso (Caetano e seus filhos) fazem uma bela interpretação da canção de Gil, cujo significado é intenso e atual. Estamos a milhas de distância, cheios de certezas à respeito uns dos outros, encharcados de lama, brigando por maço de cigarro, reduzindo os dias e dividindo a vida entre esquerda e direita. Há pouco em excesso, há cercas imensas e centenas de nada a declarar. Ainda assim, é preciso protegê-lo e deixar ser o que ele é.
Que lindo, Mariel
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Lucas, querido. Grato pelo presente do comentário, de coração.
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Que texto lindo! Parabéns!
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Andreone, bom receber o carinho do comentário. Big valeu!
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Slogans, musiquinhas,… Tudo p esconder o q realmente se passava. O resultado colhe-se no presente.
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Eu não deixo de crer na capacidade humana de se lembrar de valores satélites do amor, como solidariedade, empatia, amizade e perdão. Ainda colheremos isso.
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Maravilha de texto meu caro amigo… meu coração está ainda enlameado mas comungo do mesmo pensamento! Grande abraço
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Como não estar, não? Abraço, querido.
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É amigo, amar está sendo a provação mais difícil para todos nós no momento. Contudo creio que apesar de tudo e talvez por tudo, conseguiremos superar justamente por amar demais tudo isso que recebemos. Belo texto!
Nem sei se soube me expressar bem. As idéias e os sentimentos estão bem confusos diante do quadro atual. Abração!
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Você sempre sabe se expressar bem e sim, estamos todos confusos, precisando de presença e entendimento. Agora mesmo postei (e retirei em seguida) algo contra um político de uma forma automática, a biles pela biles. Uns com os outros, isso nunca foi tão importante. Super abraço.
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A Mariel, isso me fez lembrar meu pai, quando decifrava as entranhas da verdade não escondida, mas camuflada como dizemos. O jeito é esperar e fazer valer a frase, “O que a natureza nos dá, não podemos negar”. Abraços!
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Os pais estão conosco quase em tempo integral. Parecem fazer parte do que a natureza nos dá. E não podemos negar, o que é muito bom. Muito te abraço.
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Apesar das estranhas energias que andam por aí, expressas numa escrita perfeita nas últimas cinco linhas do belíssimo texto, as boas energias e a esperança estão no coração de muitos, como se sente lendo os comentários. E isso é muito importante!
Também a energia musical e amorosa deste quarteto familiar dá uma bela contribuição!
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Dulce, a esperança vai precisar de ajuda, muita ajuda. E sinceramente acho que receberá. Estamos em um momento em que a vida olha para nós para decidir quem ela mesma é, como mi diria Sartre.
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Lembro-me de que alguém um dia – talvez uma professora – me disse: o amor é como uma ave… se presa, definha…
Se livre, prende -se. Fui entender isso há 32 anos atrás. Quando ele deu -me a liberdade, me teve para a vida toda.
Assim é e o retrato no post de hoje no blog.
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Nossa, Mariana, que lindo. A reação das pessoas, as leituras que têm sobre as coisas que descrevo, isso sempre me surpreende. Há o enquadro, a perspectiva, o ponto de onde se observa a paisagem. No entanto, parece que neste post, estávamos exatamente no mesmo lugar e vendo os mesmos barcos. Muito legal
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