
Gosto de capturar cenas, como essa aí em cima. Todo dia o sol se põe ali, um depoimento de beleza e de rotina. Esteja onde estiver, acontece, não depende de mim pra nada, nem do meu olhar ou admiração, é da natureza desse espetáculo apresentar-se. Não, não vou seguir o caminho fácil de concluir que as grandes coisas estão nos pequenos acontecimentos. Mesmo porque de pequeno, um por de sol não tem nada. É uma roda gigante no poente, um poema escaldante. É por sí só e por ser sol, surge e depois se vai, iluminando os dias entre um tempo e outro. O sol e sua existência são como perguntas do dia pra mim. O que você iluminou hoje? Quanto orientou alguém? O que você fez por ser você quem você é? Quem você é? Quem você é? Enquanto se pergunta quem você é, você compreende que você é uma contínua possibilidade iluminativa? Que será e se apagará, fim de toda estrela que se preze. Que enquanto o processo acontece, quem você é terá menos e menos importância, quem quer que você seja. Do que me desfiz hoje, de qual certeza, em que altura da vida me imagino? O que aprendi, como fui feliz, onde minha saudade se põe? O teu (o meu e o nosso) amor é solar. A noite, ilumina um lado. De dia, deixa que o outro sonhe. Isso não acontece por acaso, retire qualquer possibilidade de coincidência. A relevância do sol não a sua existência, mas o fato de renascer todo dia.
O sol é assim muito besta. ‘ manhece e pronto, tá lá o bichão cor-de-laranja-lima, como se “nem aí”. Nasci, virum?, bestões! O sol, já percebi, bebe da melhor cachaça.
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Tem cachaça melhor, mas aí passarinho não bebe.
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