
Gosto de palavras que escondem palavras, como o “ria”, que mora no final da alegria. Ou o mar que vive no meu nome. Parte, que mostra que tudo é uma perspectiva, incluído a arte. Os exemplos são numerosos e enquanto leio, caço palavras escondidas.
Erro muito quando escrevo. Bato em vírgulas, maltrato pontos, me atrapalho com significados, digo uma coisa mirando em outra, é quase um milagre um texto meu onde a lógica e as concordância não troquem chutinhos e xingamentos. Não ligo pra isso. Pra mim não é tema onde caiu (e se ficou machucado) o trema.
É quando me pedem alterações nos texto é que a coisa pega. Não as razoáveis, aquelas que evitam confusão no entendimento do essencial. Falo das mudanças bobas, que expressam mais um gosto pessoal e não ajudam a ideia a ganhar o palco como merece. Mudar magia para mágica altera uma narrativa em seu espírito. Encanto e encantamento não dizem a mesma coisa. Um texto é, ou deveria ser, o que é ou deveria ser. É por isso que ninguém deve ter cuidado ao escrever. Para que o dito venha espontâneo, natural e à vontade com as verdades que carrega. Um texto que mereça esse nome é construção, troca, retirada, inclusão, exclusão, uma confusão interna que se faz lanterna, é preciso muita confiança para expor um escrito. Prefiro não escrever a ter cuidado nesse ato tão feito de mim mesmo.
O ponto é que não me importa se o resultado é “bonito”, “idiota”, “raso”, “surpreendente” ou qualquer outra classificação. A opinião de quem lê é um direito sagrado, apenas não me preocupo muito com isso.
Já me pediram para ser pessoalmente menos isso ou aquilo e compreendo hoje que viver é um entendimento diário, inclusive com a balança. As mudanças devem ser tentadas, nas não a ponto de extrairem o sumo das almas, as desfigurando. Um texto, um quadro, uma canção, um slogan, uma poesia, uma obra, uma interferência, um filme, uma projeção, uma declaração de amor, uma pedra de rua, um malabarista de sinal, uma dança, uma oferenda, uma instalação, uma apresentação no dia das mães ou histórias de Natal, nada disso pode ser feito sob o olhar severo do “olha lá o que você vai dizer”. Era só um carinho, um registro, se estou me sentindo esquisito ou das felicidades que não minto.
Somos desde pequenos bombardeados pelo “certo” e pelo esteticamente aceitável. Pais, igrejas, noras, tias, namorados, maridos, noivas, publicidade, governos, cultura, história, mulheres, movimentos, status quo, tudo ensina e leva ao normal. Ariano, Luft, Veríssimo, Jojo e outros são a nossa excessão, seus excessos nos salvam e nos salvarão.
Foi a noite da patela horrorosa. Doeu, inchou, doeu mais e coçou. Quero agradecer as queridices de vocês. Não conheço ninguém pessoalmente, nosso contato é exclusivamente por aqui. E no entanto, chegam muitos desejos de melhora, o que sempre ajuda. Notei que muitas das crônicas foram pra lixeira. Pensando bem, algumas não deveriam ter saído de lá. Vou aproveitar o processo e fazer uma curadoria, tirando o que possa ofender aos contrários dos encontros extraordinários.
Tô com sono constante, mas já tenho habilidades incríveis na minha muleta canadense. Sinto falta de tudo, sabe? Mas isso não será mais assunto, nem o que sinto. Vou trazer convidados inéditos, teremos novos quadros e uma assinatura no fim. Me aguardem e sejam bem-vindos ao sempre que me acompanha. Fique bem e eu estarei.
Me senti inserido em suas colocações, rezo mas tenho certeza que estará bem e em forma bem rápido, sei que essa sensação de sono pode ser efeito dos remédios, também não tenho medo de ser julgado se assim podemos colocar nas escritas apenas as deixo saírem bem do meu natural. Também penso na amizade virtual que conquistamos não por sermos ótimos acadêmicos e sim pela nossa simplicidade em transformar visões em textos.As vezes dentro deles coloco sim um pouco de mim ou talvez a fantasia neles contidas sejam as mesmas que busco. Fique sempre bem e eu estarei também.😉
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Que querido, você. Obviamente que estás inserido, tuas sempre boas vibrações chegaram em hora certa, me alegrando a alma. Preciso discordar do ótimo acadêmico, coisa que não fui mesmo. E agora vou concordar que a simplicidade de uma boa amizade como a tua é fundamental para uma vida feliz. Muito grato, de coração
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Penso que escrever é se expressar, muitas pessoas que me conhecem pessoalmente e leem meus textos comentam: “nossa eu ouvi você falando quando li”. Por que bem na verdade é isso mesmo, nossos textos são um pedacinho de nós e se ficou confuso ou não tão jeito que era para ser é porque nós também somos confusos e às vezes não fazemos as coisas do jeito que são consideradas “certas”. Aprendi que o certo na maioria das vezes não é uma verdade absoluta e são as diferenças de visões e opiniões que nos enriquecem.
Acho que temos que sempre estar em busca da melhor versão de nós mesmos, mas ao mesmo tempo satisfeitos e orgulhosos do que somos e conquistamos.
Nunca perca sua essência e continue fazendo aquilo que lhe agrada o coração!
Seus textos são ótimos e é sempre um prazer acompanhá-lo por aqui ;)
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Grato pelos bons conselhos, Gabriela. Penso que escrever vai além do exercício da auto expressão. É, também, uma visão do mundo, a transcrição pessoal da vida, a manifestação cultural de uma comunidade. Escrever é um barato e penso que todo o escritor deve ter um compromisso com suas verdades e com a clareza com que as expressa. Adorei sua visita.
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