Patela News

Azulzinha

Já disse hoje? Continua sendo uma verdade total e irrestrita. A noite toda ventou, fez frio e a janela uivava um zuuuuuuuuu continuo, castigando o vidro. Bem no limite da janela, via uma estrelinha solitária. Pensei em alguns textos lusitanos, que conta um pouco da história dos fados.

Há um engano nas correntes dos oceanos, onde nascem os fados que cantamos.

Uma certa maresia, uma alegria que lamenta, uma canção, a escola de Sagres e o impreciso que navega.


Esamos diante de águas novas, a direção é incerta, o destino ao largo e o imprevisto venta.

O texto é longo e fala de duas naus a caminho do novo mundo, a aventura do ponto de vista do comandante, da tripulação e de alguns convidados. Sabe que o fado nem é meu estilo de música preferido? Gosto de arquiteturas musicais menos doloridas e isso é muito definido pela letra ou tema da composição. Conto isso porque saber coisas como o livro do momento, a canção da hora, a comida feita, o lençol estendido, o pensamento tido, o dia compartilhado, tudo se transforma na cultura que constrói o afeto. O que te toca, o que me emociona, o que nos alegra. O quanto te faço rir veste meu dia, é um jeito de casar.

Depois do vendaval, nada de internet ou luz por horas, peguei num sono fininho antes disso. Fui e voltei do sonho uma porção de vezes e a estrelinha lá, firme, enquanto o vendaval passava rabugento e assustando a cidade. Pensei na árvore. Será que elas sentem frio? Lembro que mandava recados por ela e tentava entender o que diziam seus movimentos lentos, vindos da raiz das coisas.

Suas vindas não me passam desapercebidas. Estamos bem, eu e o joelho, que agora parece estar disfarçado de bola de futebol americano. Mando um pedacinho do dia azul. Use junto com felicidade, combina uma barbaridade.

Publicado por

Mariel

Vale o que está escrito

9 comentários em “Patela News”

  1. Olá Mariel! O fado é um estilo musical que me custa a acreditar que alguém ame à primeira. O tom sofrido dos temas clássicos tem-se reinventado pelas vozes mais recentes, um “fado-novo”. Experimente ouvir Ana Moura ;)

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  2. É, rapaz… Tempestade é uma coisa tão forte que nos deixa ilhados até em terra firme. Felizmente, temos bons textos para serem lidos.

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  3. Quando o fado-destino nos prega partidas e obriga a parar, os detalhes tornam-se mais detalhes. E assim… o vento, a chuva, as estrelinhas, as árvores, o céu azul, o móvel, o silêncio, o sol que entra na janela, a respiração, o corpo, os outros e mais uma infinidade de coisas são olhadas e sentidas como mais vivas e conectadas.
    Este texto, para mim, revela um pouco esse tempo e ritmo.
    As melhoras do joelho!

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    1. Acredito no fado, mas faço o destino. Chegadas e partidas é da natureza da vida e teu comentário tão gentil reforça isso. O que penso é que as coisas todas ganham sua importância real e as conexões mostram suas forças. Grato por me lembrar disso. Como está Portugal? As notícias que cegam são bem boas. Cuidem-se!

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      1. Comparativamente com outros lugares/países estamos bastante bem. Mas persistem algumas cadeias de contágio, especialmente aqui na Área metropolitana de Lisboa, em zonas socialmente mais complexas e com piores condições de vida. E também em lares de idosos.
        Mantemos todos os cuidados e neste momento o pais vive com três níveis de alerta/ forma de estar, consoante a zona. Somos pequeninos mas muito diversificados!
        Diria que a vida continua…mas sempre um tanto desconfiados e a olhar de lado….
        Creio que o pior de tudo é a falta de perspectiva e o não se sabermos quando tudo isto terminará.
        Obrigada e …cuidemos-nos!

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