
Noite longa. Enquanto o sono não vinha, pensei no equilíbrio distante que é o do entendimento. Nós, os humanos, estamos permanentemente em uma encruzilhada entre o dito e o entendimento daquilo que tenha sido expressado. Meu pai disse “jamais dê as costas a um argentino”. Eu entendi “não me importo com você”. As traduções são pessoais, têm filtros e lentes fabricadas para ver as coisas como nós somos. O amor ao filho, a entrega pela família, as decisões no trabalho, as resoluções de fim de ano, ir ou ficar, nada é, exatamente, uma resposta. Penso que está mais para uma reação. E quanto mais inconscientes, menos pensantes e mais reagentes passamos nosso tempo. Se não me sinto bem vindo, rosno de muitas formas, é uma química, a informação me avisa como alertava aos moradores das cavernas sobre a presença de bichos grandes. Tenho comigo um mantrinha, porque sei mais ou menos quando isso começou. Passados 50 anos do acontecimento, horas e horas de terapia, livros, conversa, experiência, viagens e boas lembranças depois, ainda hoje tenho que me dizer “eles não fizeram por mal” e me perdoar pela falta de uma gentileza ou a rudeza de um gesto indelicado. O que tento dizer é que sabemos pouco sobre o que os motivadores, as expressões e o que nos move verdadeiramente. A boa notícia é o poder do amor retroativo, o perdão. Não perdoar ao marido, a mulher, o guarda de banco, os garotos do time, aos parentes, mães, pais ou filhos. É de outra natureza esse entendimento que nem a consenso chega. É o auto perdão por ter sido apontado, por ter feito errado, por não ter feito do jeito, por não ter tentado, por ter ficado paralisado de medo, por mostrar os dentes, por partir, por ficar, por ser e por estar. Por amar ou desmamar, por um beliscão, por uma tortura, por precisar de respostas fáceis e não tê-las. O amor dedicado ao outro talvez seja visto de formas assimétricas e provoque julgamentos injustos. Estregue festas e porque? É algo a mais, tem coisa ali, um buraco, quem sabe, um som que incomoda, o quentinho inexistente, uma dor no fundo do fundo da gente. É quase imperiosa a coragem de buscar respostas. O que me faz estar exatamente onde estou? Se ouça com o mesmo amor que ofereces. Se receba no perfeito e na falha. É ali que existimos, falhos e perfeitos, sujeitos das nossas percepções da vida. É ali que te amo e tenho medos. Se avanço, como avançamos, me entrego e me ofereço, ressignificando o que conheço por bem-vindo.
Minha busca nos últimos anos…esse equilíbrio… Tudo que eu preciso: me perdoar…Perdoo bastante a outros, mas a mim mesma é difícil. No entanto, não quero sair de 2020 sem iniciar isso… Tá mais que na hora..alias, Eu acho até que já comecei…
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Olha que coisa boa. O amor por nós mesmos é o perdão disfarçado de vida plena. Não desista.
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Imperfeitos,falhos somos todos,e seguimos o caminhar desta vida rumo a respostas para entendermos o pq de mtas coisas e o quanto ao perdão e tarefa conquistada para poucos,mas nada que não consigamos.abraco..fica c Deus Amigo.
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Perfeito, Renata. Fica com Deus também
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Aceitar e saber “explorar” as insónias e as noites longas é pura sabedoria. E perdoar também!
Muito bom, como sempre.
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Dulce, minha amiga além mar. Grato pela delicadeza.
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Ter compaixão consigo mesmo. Olhar para atos falhos do passado e compreender que sem eles não estaríamos aqui. Como hoje estamos. Ótimo! Abraços 🌷
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Nossa Nicole, que opinião boa de receber. Muito bom, muito bom abraço!
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Fico feliz que te fez bem. Beijos!
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\(^o^)/
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Se perdoar e se auto conhecer não é tão fácil assim, mas devemos a tentativa a nós mesmos.
Nossos erros e acertos são o resumo do que somos e do que aprendemos e isso é lindo!
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Gabriela, achei que havia respondido. Erros são fundamentais se aprendemos com eles. Não acontece sempre, então se tornam coisa diferente, certezas, talvez.
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” Me ame quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso.” Ouvi isto uma vez e nunca mais esqueci. Somente há pouco eu entendi que vale também para mim. S2
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Vale para as crianças que fomos e para os adultos vindos de lá. Grande abraço e se cuide aí.
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