Descompasso

Não acho que só o azul, que é magnífico, faça do céu o que há pra ver nele. Cinzas são espetaculares e alguns finais de tarde, nossa. Esse aconteceu hoje, não exatamente assim, mas quase isso. Uma camada já descolorida pela hora. Mas ali no meio, senhora azul, que coisa. Era pantone de tudo, uma geléia geral, um vermelhidão fim de dia, um até amanhã solar. O descompasso entre o que eu via e o que havia não diminuiu o que houve, o que olhei ou como traduzi o havido e o olhado. Não é a verdade, como esse céu que era quase isso, mas não exatamente assim. É um pedaço, talvez devesse ser menos grená ou o magenta pudesse subir um pouco. O fundo de tecido, quem sabe ficasse melhor em aço escovado ou alto relevo. São entalhes que faremos, os detalhes dessa obra que é existir enquanto se busca a essência. Amar, às vezes, é deixar a proximidade a uma escolha de distância.

Publicado por

Mariel

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