4 historinhas de longe

A praça. Há por de sol sol para todos os tipos de praças e olhares. Ocupo espaço miúdo nessa que não é minha, mas não deixa de me pertencer. E como quem sabe para onde não está indo, cruzo em silêncio pelo vai e vem dos balanços, entre crianças dando cambalhotas e ambulantes menos anônimos do que eu. Encostado num canto de árvore, o que faço é guardar o que te escrevo depois que o sol se expõe. É um modo de encontrar e domar o tempo que rosna pra mim.

Ordem. Em tempos secos e quentes, há sempre algo a organizar entre o desejo de uma boa praia e um caldo de cana gelado. Se me disserem que existem coisas mais importantes do que isso, como discordar? Mas o momento de ver o emaranhado de fios e o sol que vai sumindo da vista rende fotos com milhões de megatons e um pombo de energia. Desejei tirar o caos de cabos, as linhas cruzadas, o pássaro. Mas fazendo isso, acrescentaria silêncio ao momento. E silêncio é um bicho difícil de tirar.

Olhando bem. O que você vê, o que você vê?, me pergunta o garoto. Vejo um Jabuti. Vejo um caramujo. Vejo uma Tartaruga. Tem uma cobra ali. Tem uma cogumelo. Tem um gato tatuado no pancleton. O verde está fora do tom. Tem uma caveira desenhada. Não tem nada. É uma pedra, outra pedra e um pau. É uma floresta longe de casa. É um piquenique faltante. É fugir para Belo Horizonte. O certo é que não sou Tom Jobim.

Enluarada. Eis meu registro de Lua em Jupter. Nunca consegui entender a lógica que move os videntes, capazes de ver o futuro nos astros. Significa confessar que além de duvidar, não acredito. Olha o caso da Estrela de Belém, a confusão que deu. E aliás, porque alguém dá mirra a um bebê? Maquevá. Não acho que Lua em conjunção com Jupter signifique algo ou mova os fatos em uma direção determinada. De qualquer forma, é um espetáculo bonito como quase tudo que pode ser expresso em sua natureza essencial. Essa foto é de ontem, um sábado inteirinho vestido de azul. E depois, para os apaixonados por céus e luares, esse namorico no cosmos. O joelho amanheceu em forma de joelho finalmente e amanhã o dia é cheio de picadas e consultas. Não saberia responder como estou porque mais durmo do que sonho, o remédio é bamba nisso. Se fala “bamba” ainda?Quando vejo, bocejo e me esqueço um tanto. Quando percebo, amanheço e olha só: aumentou mais um tanto o que sinto. Claro que a tua presença, enluarada, não passou desapercebida. ***

Publicado por

Mariel

Vale o que está escrito

4 comentários em “4 historinhas de longe”

  1. Adorei seu lindo post! Sou e sempre serei uma eterna apaixonada pelas belezas e mistérios do Espaço Sideral, dos bancos das aprazíveis pracinhas e de tudo op que você descreveu , tão bem. Parabéns!

    Curtido por 1 pessoa

Os comentários estão encerrados.