É o que é

Passei reto por tudo que era do tipo normal ou certo. O jogo ganho, as razões de estado, opiniões razoáveis, tendências e outros desvios. Não supus ou conspirei contra nada ou por ninguém. Não suspirei por clubes perfeitos e acho nada me impressionou muito, a não ser delicadezas que não esperava ou merecia. Durmo bem se o joelho deixa, o que não foi o caso de ontem. O errado deixei de lado, junto com a culpa católica apostólica romântica. Acho que a minha vida é resultado de lavra plantando ação e colhendo palavra dizendo planta. Vivo uma existência inteira e, se não isso, ao menos inquieta, ainda que incerta. Gosto de conversar com você. Quando escrevo, tenho essa sensação e isso, estar contigo, me acalma. Não que o inverso seja verdadeiro. O inverso é outra coisa, pertence a outra prateleira, uma sem vista pro mar. Universos paralelos sempre me interessaram, me achava vindo de um deles, onde eu mesmo era um desses seres. De onde vim, imaginava, estão pra inventar o telégrafo e o BIP, o papel carbono está em testes promissores e no futuro, poderemos assistir filmes em salas com um projetor específico. É por isso que olhando esse mundo, me encanta a embalagem a vácuo, o plástico e o Nescau. Acho possível o amor romântico, sem o ranço de posse, do pode não pode, do controle, dos jogos, da fidelidade imposta, da individualidade entregue em nome e sobrenome do senhor de todos os altares. Eu olho pra outra coisa, a casa é outra, o necessário é o que você precisa. É a minha primeira vez, entende? Talvez eu fique amargo mais tarde, não sei. Se comemoro, é porque me encontrei no risco das buscas e ninguém sabe o prazer que é. Entrei no rio, fui de margem a margem, saí um, enxerguei o outro que me fez o bem que tantos teorizam. Poderia dizer mais. Mas não é preciso.