
Adoro subversões estéticas. Há algo de surpreendente em algo que, sei lá, te surpreende. Esse gosto me leva para o prazer que são as guarânias paraguaias e o jeito deles de cantar. São emocionais, eloquentes, sentem cada pedaço do que dizem. Os escritores mais experimentais, os roteiristas que fazem o Hulk dançar como se fosse a Anita, eles me divertem enquanto o joelho afina. Sou fã dos alívios cômicos, personagens como o burro do Cherk, Timão e Pumba (do rei leão, um filme que nunca deveria acabar) ou o escoteiro de UP. Eles não aguentam um filme onde sejam protagonistas, mas são principais onde atuam como quebra de rotina. Acho que entram em casa e levam a gente para um lugar de inocência ou (no caso da guarânia) ou breguice explícita. Acho que é parte que mais gosto nas artes, a interrupção da realidade não pela ficção, mas por um real imaginado que sim, poderia acontecer.
Ferdinando, o touro romântico. Asterix, o fortão delicado. Mafalda, a filha que virou quadrinhos. Gosto dos pontos de vista à salvo das mesmices. Não obrigatoriamente concordo com eles, mas gosto. Talvez porque me ache do tipo certinho. Quem sabe porque entenda o sentimento estrangeiro que é o processo de criar. Sei, são reflexões bestas da toca existencial enquanto aprendo a pisar outra vez. Não importa o que aconteça, há uma conexão que não quebra. É sempre como se eu acabasse de te ver. É como um reconhecimento, algo instantâneo e que se dá em protocolo próprio. É como se eu não te visse a séculos. É um estranhamento que passa, uma alegria que desembarca e me abraça sem hora para desabraçar. ***
bela postagem…
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…”sempre como se eu acabasse de te ver. É como um reconhecimento, algo instantâneo”…
As pistas em cada texto está me levando para a curiosidade sobre o Ser q o inspira.
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