Cosmos

Multiverso seria a soma dos muitos universos existentes. Isso é um mistério pra mim, mas o parafuso também é. Os astrofisicos juram que eles (os multiversos, não os parafusos) se escondem em níveis, têm movimentos invisíveis e silêncios visíveis. Sua essência seria algo próximo da intuição. Você sabe que está lá, desconfia que tem dentes, mas ignora se a coisa seja o gatinho de botas ou uma puma faminta.

A tese afirma que as camadas multivérsicas não se sobrepõem, convivem no mesmo espaço, ocupam o mesmo lugar, mas em tempos diferentes daqueles captados pelos sentidos clássicos. Nessa lógica, enquanto eu me entusiasmo com os enormes potenciais do palito de fósforo, alguém descobre o átomo, o clips ou imagina as regras do baskete. Os acontecimentos e experiências conviveriam entre si, atraídas por uma busca comum de algo que as move na direção dos desejos que temos.

Talvez os multiversos também se manifestem em mentes e corpos, sejam eles humanos ou não. Há muitas funções invisíveis em tudo que existe, imagino. Contradições, projeções, realidades paralelas, sentimentos expressados em desníveis. Desencontros ou encontros ocorridos por afinidades ou repulsas inexplicáveis. É possível explanar sobre o universo usando variáveis que o limitem ao infinito. Mas explorar é uma coisa, entender é outra. Nisso o infinito é um limitante, torna-se uma fronteira ou a estabelece. Acho que os sentimentos e o que nos liga seguem o mesmo caminho. Instantes se tornando sempre, momentos se descobrindo espaços largos, realidades paralelas se fundindo, o novo parindo o desconhecido.

Chegar a Marte é um passeio besta. Bastam alguns cálculos, uma nave adequada, trajes e vontade de ir ao planeta vermelho. Enquanto a tarde se despede, estar só me faz pensar que encontrar o outro é algo muito mais complicado. Somos universos em multiplicados cantos, estrelinhas, expansão constante, verdades, desejos, impressões e crenças. Vindos de outros planetas, estetas ou não, nos levamos presentes e ausências. Os dialetos que nos caracterizam só se transformam em diálogo se nutridos por concessões bem-vindas e fáceis. Daí a se tornarem conversa e da conversa ao entendimento, muitas bicicletas não caberão em carros. Convites com fotos não serão reconhecidos como tais, vontades terão de ser adiadas, mesmo as bem planejadas, ou aquelas construídas antecipando alegrias, mesmo as que não chegam. E sobre isso, concluo que a pior tristeza é a felicidade não vivida por escolha, quem sabe a escolha por outras felicidades. Eu não sei o que pensar sobre o tema, a teoria dos multiversos é uma coisa de longa e a metáfora não se sustenta por tanto tempo. Talvez meu universo não seja tão generoso. Ou talvez eu não seja. Não importa de fato. É o que é, escolhas dizem sobre o que se deseja viver. Isso vale vale em qualquer qualquer universo.

Publicado por

Mariel

Vale o que está escrito

5 comentários em “Cosmos”

  1. O Universo é sempre esse mistério que tentamos ou não desvendar.
    De qualquer forma, seja em Marte ou em Cuiabá, Enluarada é canção para suspiros.
    Espero que o joelho esteja bem. Abraços

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  2. Mariel, acho que fica mais fácil de conceber o multiversos ou multiuniversos se pensarmos como cada pessoa sendo um universo, apresentando todas as dimensões que você nos mostrou. Mais difícil de compreender é o amor…

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