
O sono é implacável e me explica que faz tempo que tive 48. O joelho me sorri, como quem diz “fiz o melhor que pude”. Há uma sensação espacial, a gravidade não é zero, mas a lentidão dos movimentos me trazem, vagarosamente, sem pressa ou velocidades normais. Mas nada é, de fato, normal. Nem temperatura, nem pressão, coisa nenhuma está mesmo no lugar. A realidade que toco como quem ausculta um doente me indica muitas coisas. 1. Não sou médico 2. Que bom para os pacientes. 3. Nada se altera mais daquilo que o que toco, cheiro, olho, escuto ou experimento. É uma sensação boa, o barato que não precisa de nada pra ser o que é. É como se eu pudesse te ver ao me lado porque é exatamente isso que acontece, mesmo não sendo isso que se veja no que acontece. O que ocorre é uma sucessão de rotinas alienadoras e dissonantes. São réplicas desproporcionais de tudo que nos rodeia, se ausentam do tempo em que vivemos. Não é o mundo platônico das ideias, onde tudo é perfeito e ao interpreta-lo, nos equivocamos nas traduções. Oh não. É o mundo dinâmico dos ideais, onde tudo é imperfeitamente assimétrico e há ecos. Amo mo mo mo mo mo mo mo mo. Acho que desde criança. Creio que de todas as vidas. Começou que há 5 minutos. Foi desde sempre, no big e no bang, aquela explosão lá longe. Foi em um desnível do portal. Ou agora mesmo, na velocidade de uma pergunta. Entendimento não é concordância, é a compreensão de que existem coisas cuja matéria desconheço e, que mesmo não sabendo o que é, recebo. Talvez a alma que amo tenha razão. Talvez não seja preciso dizer para que se saiba. Mas que é bom ouvir, isso é. ***
O amor torna a vida mais alegre. É como o sono que revitaliza as energias do corpo.
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É bem isso, Alex.
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