Sobre o que não tem fim

Nada há no infinito, essa falta interminável de fim. Qual a razão para a existência de algo que jamais acaba? Diferente do eterno, que será interminável mesmo que acabe. Um instante pode nos acompanhar o tempo todo por ser frase, um olhar que se cruza com o olhar que se deseja. 15 minutos de compartilhamento incondicional têm o poder de anistiar anos de exílio. Infinito e não acabar são coisas diferentes. Há coisas que acabam infinitamente e outras que são raras justamente porque existem em alinhados à própria substância da vida. Não falo das coisas simples, caminho natural de uma reflexão como essa. Olho o que há de precioso. Um carro não é precioso em si mesmo. Tanto faz um carro existir ou não. Mas se ele te traz, amo quem inventou o carro que te traz, o cara que fez andar o carro que te traz, o dono da concessionária que te vendeu o carro que te traz. Não é, no entanto, o carro que te traz. O infinito é o medo de que você não venha, que só conhece o seu fim ao ser transformado em conexão, amor e encontro. E que acaba no instante que vejo o carro que te traz. Há coragem em se dedicar a algo destinado a um final. O risco da entrega. O trabalho que dá o entendimento. A paciência, o artesanal que é moldar a experiência do convívio. A precisão atenta que exige todo gesto amante. E fazer tudo isso porque do nada deu saudade. Porque é bom conversar e ocorreu de te contar que deu saudade. Dividir o peso da saudade que deu e que é infinita enquanto o amor não dê fim a isso e, assim, se reconecte, recomece e abrace o que temos de sempre. *..*

Publicado por

Mariel

Vale o que está escrito

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