
Tic toc, tic toc, tic toc. Não saber dá nos nervos. O que se passa na cabeça de um jogador que vai bater aquele pênalti que define tudo? O que pensa o goleiro, parado e diminuto entre duas traves a quilômetros de distância uma da outra? Não saber dá nos nervos. O que fazer quando não se sabe o que fazer quando não se sabe o que fazer quando não se sabe o que fazer? Falam que é um barulho branco, união simétrica, perfeita e silente de todos os sons. Em mim, o tic toc tic toc tic toc da falta meio que alucina, mosquitinho existencial zunindo dentro do ouvido real. Pego uma pera, como maçã, junto um copo d’água, tomo suco, arrumo a bike, saio a pé, fico pouco funcional em estado de tic toc tic toc. Dizem que a maioria das preocupações da gente não acontecem. Mas e se justo aquela minha for um fora da curva, um desviado, um ilegal fugindo pela fronteira sem muro, se for a danada que resolve ficar pelada e existir? Não saber tira a calma, atiça os olhos, enerva. Toda espera tem uma tonelada e é preciso esperar, respiração presa, um segundo antes do jogador começar a correr, um triz antes dele definir o canto, o nada anterior ao toque na bola. Tic toc, tic toc. E o goleiro lá, esperando.
┃┏┃┃┃┏┛
┃━┛━┛┏┛
━┛ ━┛
╭┈⊰❀ ŁØv€❤ ✜
CurtirCurtir