
Um segundo a mais e o eterno se faz.
É um micro instante feito de um momento mínimo, o tempo inteiro ao contrário.
Então não há o que pare o segundo em sua altura, nem o significado que traz, no tempo do sempre que dura.
Não há visão mais reta do que a da alma, quando singra no olhar do outro.
É um segundo cavando no tempo, cavocando, cavalgando, carpindo, indo, medindo demarcando a terra do olho que não lhe é alheio, mas um pedaço do que sabe em si, vendo-se.
Basta um segundo para saber o signo, o designío, o escrutínio, o sabor do vinho, a marca da moto do vizinho.
Não é preciso mais do que isso. É impreciso mais do que isso, um segundo. Um triz, um zapt, um vupt, um zum e estamos conversados. Ditos, tatuados, vindos, nutridos, olhados, curados, um segundo e basta para que tudo mais se queira. Esqueirados, lado a lado, cansados, feitos de ânimas, cheios de cãibras, vontades, involuntariedades, mesclas, um ora sim, outro hora não, uma oração.
Um segundo é a coisas mais duradoura de tudo que vejo.
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