
Não é quando. Nem de onde. Pra que não representa. Porque não responde. É que simplesmente não importa. Não é o que fazermos. Não é tão divertido estar na praia. É irrelevante um sempre teremos Paris. A vida é de fatos, tirando a parte dos sonhos. Mas mesmo esses, se não realizados, vão para a coluna de débitos, do que faltou, do não aferido, do nem tentado, do exilado, do nem havido.
Viver é ato. Mesmo que seja muito o que poderia ter sido, fazer é um feito. Mesmo repreensível, imperfeito, cheio de desníveis, impedimentos e sustos. Mas não sozinho, no ermo das coisas. Vale, claro, saber do aniversário ou que horas são na Dinamarca. Afinal, é uma referência, uma forma de não expiar, espiando. Mas não há nada como o estando, a presença, o presente, a pedra jogada no rio, o riso atirado no ar, o Inter entrando em campo. Veja, não é o time, mas as lembranças que traz. Justo por que, juntos, nos tornamos histórias, viradas, vitórias inesquecíveis e vexames que machucaram. Nada é completamente vivido se trouxer, vívido em si, o excluído. O fluxo acontece no convívio, na permuta permanente das rotinas domesticadas. São ruas descobertas, lembranças trocadas, passeios, boletos, bicicletadas. Tem pipoca no sofá. A fé em algo. Buscar alguém lá longe. Café. Coca no bico e o indecifrável mistério do asterisco. É risco de não vir e chover. E assim sendo, continuar chovendo dentro. É platéia para artistas. É leitores para quem escreve. É atenção para família. É seguidor para influencers. É mãe para filhos. É um para o outro.
Não é quando, nem onde, nem porque. Nem longe, nem pra que, nem nada em zoom, nem tudo além. A vida que vale é com quem. ***
grato por vir
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