Coisas inesquecíveis

” Amar é o bastante. E sutil, como uns elefantes ” (Dicodallma)

As coisas não são inesquecíveis pela nitidez das cores que vindo, vão surgindo límpidas. As coisas não são inesquecíveis ao serem comemoradas em dia específico ou com hora marcada, ainda que tenham data e momento. As coisas não são inesquecíveis pelos sons que produzem, posso ouvir agora o de uma caixinha de música sem abri-la. Há mistério nas coisas inesquecíveis. Um murmurar que embala seu estado impar. Um sopro que percorre a pele e carrega seus sinais, pequenas luzes que desconhecem normas, são coisas inesquecíveis. Invisíveis aos olhares que vigiam, proíbem, prendem ou mentem, as coisas inesquecíveis são feitas de material surpreendente, independente da matéria, jamais ficam velhas. Moram na gente, dançam conosco e têm gosto, às vezes rosto, mas não precisam de imagens. Se subdividem, se multiplicam, se disfarçam, se apresentam, surgem, somam, jantam conosco, nos pegam no colo, amanhecem nos dando bom dia. Não caia na armadilha de confundir coisas inesquecíveis com lembranças. Lembrar é um registro da mente, pode ser montada, editada e uma vez exposta ao tempo ou à vontade, esquecida. As coisas inesquecíveis são presenças, têm sua própria existência e mesmo exiladas, não cumprem tal pena. Para saber quanto amo, basta que eu diga “como um elefante” e surgirão o infinito, o constante e o pleno. Para sentir o aroma, basta dizer verbena.

É assim que se faz

Redator, Sulivan, com o Ricardo na DA, eu na dir de criação e produção do Neto. A agência? Visão. O modelo foi devorado depois da foto. Mentira. A gente foi na churrascaria (que é uma delícia) e mandou ver.

Enluarada 3×4

Enluarada, silente e calma

Caminho tranquilo diante da madrugada. Não me assustam os sons, nem divido humanos entre maus e bons. Das aparências digo adeus sempre, há muita coisa para se ver, lançando olhares além delas. Ouço uma música do Toquinho com Vinícios, devo ser o único. Se chama  “Aquarela”  e acho tudo ali muito melancólico. Minhas noites são enluaradas, lutei por elas. E cada hora que passa é inteiramente minha, como me pertencem os dias, esses milagres que acontecem ao longo do tempo. Há muita posse no planeta e creio que esse é o lixo que mais o esquenta, atrapalha, ilude. Não pertenço a nada, nenhum clube, sou uma imperfeição completa e impermanente, o que não faz da coerência o meu forte. Mas tenho noites enluaradas, é preciso gostar muito de luxo para encantamentos sem grifes, marcas, releases. Hoje, mais uma fez aposto na alegria que ilumina e guia as almas deslumbrantes, amantes e felizes.

Vera, Vida e Afece

Afece. Toda a vida é especial.

O roteiro é meu e da Vera Holtz, com DA da Gabriela Mombach. A produção eletrônica foi feita pelo Nicola e a produtora é a velha e boa Soft. Quem aprovou o comercial foi a Grazy Prezutti. Dá uma olhadinha (clicando no titulinho aí em cima) e se puder, entre em contato com a AFECE (Associação Franciscana de Educação ao Cidadão Especial) para conhecer o trabalho.

Ouça o bom Conselho

O título é de Mariel Fernandes, a DA foi feita pelo Danilo Olympio. O atendimento foi realizado pela Katia Barbieri. O CRBio é o Conselho Regional de Biolologia do Paraná. Pediu a peça para reforçarmos que aquele era o dia certo para lembrarmos da proteção que os animais merecerem.

A banda mais fiel da cidade

Sulivan foi o redator, com o Ricardo na arte. Mariel Fernandes o dir de criação. A produção ficou por conta do Darci e o atendimento aos cuidados da Tereza. A ideia foi lincar a fidelidade dos ouvintes com a imagem do fone de ouvidos, cujo fio se transforma em aliança. Clique na imagem para ver mais detalhes.

Andam dizendo

” Aversão é uma versão piorada pelo autor ” (Dicodallma. Ou uma versão)

Estão afirmando, não é conversa. Você está gordo e acabado, que foi visto com um bando de drogados, que o mundo acaba depois de amanhã. Saiu  no NY Times, o ataque é eminente, que o o rei do Gongo vive doente, que a madrinha da bateria namora um bombeiro, que a amazônia foi vendida pra Suíça e agora os Xanrantintums são neutros. Os gays vão tomar o poder, inventaram a Ferrari sustentável e a vaselina em pó. Andam dizendo que daqui pra frente, só morrendo. Seu diploma não vale nada, o futuro foi ontem, King Kong virou um rato, na Veja só publicam os fatos. Os comentários são assustadores, terríveis, incríveis, impublicáveis. Só ouviremos Michel Teló. Depois, voltaremos ao cavalinho pocotó. Virou uma loucura, melhor viver em Honduras, aprender inglês na China, vende-se casa na praia, os amores estão em coma, não fale do Papa se você quiser ir a Roma, roer o gato com o Rei dos patos. Andam comentando com ares de é isso aí que março virá antes de fevereiro, as 14 casas das sombras e a alma dos corpos farão passeata, você foi visto fugindo de si mesmo, junto com seu terno e separado da sua gravata. Cuidado, não declame, não declare, sustente o silêncio e cale as vozes. Tudo virou videogame, ninguém é real, o sólido se desmancha e aquela mancha, não sei não. Foi publicado sabe Deus onde que somos todos de uma linhagem de condes, que você tem éguas no exterior e água nos joelhos. E que manca, desmente juramentos e ronca como um jumento. Foi insignifcante, não quer dizer nada, a obra está parada, é um absurdo ou culpa do governo. Você sofre dos nervos, tem epilepsia, trabalha para a CIA, abandonou seus filhos na África ou na novela das 8. Gugu liberato é a sua cara, Hebe Camargo, seu espírito. E seu espirro ninguém suporta. Feche a porta. Não saia de casa. Sua versão vai dar em nada e ainda vão publicar no Pravda.

Cannes é ali

Direto do www.blues.com.br (que mostra matérias interessantes)

Depois de trazer Sir Ken Robinson no ano passado para o festival de Cannes, a Ogilvy convidou o filósofo Alain de Botton esse ano, dentro do projeto Ogilvy & Inspire. Funcionou. De Botton falou de arte, propaganda, capitalismo, sucesso e fracasso, sempre utilizando exemplos de outros pensadores, de Epicuro a Nietzche, prendendo a atençao da platéia com um discurso bem humorado e sem ajuda de nem um slide de powerpoint.

O filósofo disse que a arte, quando tem qualidade, nos recorda coisas boas – Quando você ouve Paul McCartney cantando ‘Hey Jude’, você lembra da importância de ter alguém para amar” – exemplificou. Segundo De Botton, a publicidade deveria fazer a mesma coisa. Mas nem sempre isso acontece, porque o capitalismo, na opiniao dele, falha na tarefa de atender as necessidades mais importantes das pessoas. Outro ponto abordado por De Botton foi o medo de errar – “O sofrimento faz parte do processo criativo. Nietzche odiava o álcool e o cristianismo porque achava que ambos abreviavam o sofrimento das pessoas. Se voce nao estiver preparado para falhar, nunca será bem sucedido”, ensinou à platéia.

Uma boa ideia a gente não deixa estacionar

O dia em que a catraca falou

Quem nunca falou uma catraca? Eu sempre comento algo como “hoje vou comprar um monte”, ou “Você não vai me tirar um real do bolso”, entre outras coisas. Foi o que inspirou a tripla criativa, que na época trabalhava na Savannah. O cliente foi o Shopping São José. Grazy Prezutti, Anderson Pinna e eu, os profissionais que planejaram, criaram, operacionalizaram e efetivaram a ação de guerrilha. A produção ficou a cargo da Carol e do Lennon.  Para ver, clica ali em cima, (o dia em que a catraca falou) e veja a seleção de alguns momentos.

O fim das coisas

As coisas acabam. Há, parece, um objetivo nisso, talvez a vinda de novas coisas que acabam. Jamais acreditei nas coisas que acabam e  trazem consigo novas coisas que acabam. Nisso sou um seguidor de Mikhail Lomonosov. Ele sacou que “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Quem entendeu a importância da descoberta foi Lavoisier. Portanto, há quem tenha a informação e aqueles que transformam isso em conhecimento. Concordo se você disser que devo me sentir só por crer nas coisas que não acabam. Faço isso, mas com um data vênia: jamais quis lhe convencer a acreditar nas coisas que não acabam. Na maior parte do tempo e mesmo nesse exato momento, qual é o fim das coisas que acabam? Elas deixam de existir quando acabam ou se transformam, as reciclamos enquanto buscamos informações surpreendentes no Google? Outro dia vi num programa de TV que cientistas finalmente descobriram uma pírula. Não é, ainda, a da eterna juventude. Por agora apenas retarda o envelhecimento, engana as células, ilude o célebro, permite que sigamos vivos (não obrigatoriamente altivos) até uns 120 anos. Perguntaram ao Niemayer se ele tomaria a pírula da juventude eterna. Hum?, perguntou. Já não ouve bem o velho arquiteto. Tenho dúvidas se algum dia escutou alguém, teimoso que é. Sei que defendeu com unhas e dentes seu conceito de forma e função. Projetou mundo à fora obras que são uma poesia aos olhos, apesar de vocação pouca para uso diário. Arcado (mas não triste) diante da passagem que se avizinha, o bom comunista declarou que não tomaria a pírula da juventude. O que ele não disse é  mais revelador, trata-se de uma pergunta. Se as coisas acabam, ser eternamente jovem pra que? Visitamos os monumentos, as quedas d’água, as ilhas gregas, os túmulos dos faraós e as pirâmides. Vamos a Machu Pichu, andamos pelos Caminhos de Santiago, Niágara, Capela Sistina, gostamos de nos mover entre as coisas que resistem por sabemos que resistentes ou não, as coisas acabam. O fim das coisas, desde o início das coisas, é que cada coisa tem um fim. O fim das coisas que acabam talvez seja a de nos chamar atenção para o que há de perene, interminável, eterno. Um solo de fagote, um foguete que deixando o solo revela a sede de companhia que temos, tanto que procuramos vida em outros lugares. De tanto que nos sentimos sós, temerosos de detectar em nós o gem das coisas que acabam. E tremendo, tomamos drinks inusitados, fugindo do velho futuro para fingir num passado novinho em folha. Há milhares de anos, os Sufis falavam de um Deus presença, um Ser para o qual não havia distâncias. Que vivíamos em vãos da nossa própria história. Que insistíamos em existir em sótãos, fazendo a partir daquilo nossa ideia de casa. As coisas acabam por serem coisas, seu fim é dar passagem a mais coisas que acabam. Mas você não é uma reunião caótica de átomos, células, pele, osso e algum recheio. Entre o pouco que vemos e a maior parte que ignoramos, há algo no meio. Não o paraíso culpado, apostólico e romano. Não a desistência covarde dos suicidas, nem a vida conformada das manadas. É o nosso encontro com o outro, essa batucada universal de sons, luzes e danças. Não é um terremoto. É o povo sobrevivente do Haiti cantando em honra aos seus mortos. Há em ti algo que toca a canção essencial, algo que te chama sempre, uma chama que mais do que aquecer, te aproxima desse espaço que é feliz por nos ver contentes. Quando Deus disse “faça-se a luz”, Ele não falava para as coisas que acabam. Ele falava da gente.