Demorei um pouco para decidir voltar. E mesmo depois da decisão tomada, fique titubeante, naquela de vou não vou. Tenho o maior respeito pelas palavras, você sabe. Não que as conheça em detalhes ou que comande com mão de ferro o que dizem. Para falar bem a verdade, conheço pouco suas regras e acho que qualquer coisa que atenda por mesóclise um grande perigo para a humanidade. Como na foto, gosto da profundidade das coisas, o longínquo das sensações, o além dos espelhos que nos cercam, ceifando o espontâneo. Gosto de declarar, de dizer, de expressar. Muito porque se torna real, muito por que me torna real. Só eu posso dizer o que digo, só eu posso estar onde estou, sentindo o que sinto. O que há de troca é no olho da palavra, no coração da lavra que se plantou, no palatável do dito, no escutar do bem dito, no gosto da língua em comum. Quando isso constrange é como se eu fosse vergonhoso ou, pior, não bem-vindo. Por isso decidi voltar aqui, onde minha palavra tem o espaço da manifestação liberada, liberando assim a si própria, fazendo minhas as minhas palavras.