
Dormi estranho, fazia tempo que não me deitava com esse sujeito tipo quieto e sonâmbulo. Estava tão cansado, mas por dentro, uma falta, um incômodo, mas não queremos falar sobre isso, claro que não. Na verdade, não queria conversa, nem afeto ou consolo, apenas que o sono viesse, fazendo o que vem fazer. O silêncio me abraçava e era bom, apesar de ser horroroso com sua barba cerrada.
Fiquei me perguntando algumas vezes o porque de não mandar pra mim o pedido de localização ou de socorro. Teria ido a pé, enfrentado índios, tornaria plana a região toda, venceria cowboys e chefes do tráfico. Me respondi que se pede ajuda a quem se deseja fazer tal pedido, um pedido de ajuda, um me ajuda que estou pedindo. E não foi pra mim, porque seria? Cheguei a tantas conclusões que uma delas me colocou pra dormir e dormi estranho, fazia tempo que não me deitava com esse sujeito tipo quieto e sonâmbulo. Recusei sonhos, adormeci para parar um pouco de sonhar ou sentir. Hoje, o que quer que encontre será fácil, escrito ou falado. Dito ou calado, não importa, desde que seja simples. Lido ou ignorado, apenas será coisa ou outra e seus motivos. Sem culpas ou perdões, dedos apontados, nada. As horas serão vindas sem espera, agenda, trabalho, códigos ou senhas. Lentas ou apressadas, serão as minhas, ninhos ou ruas, minhas. Danças ou duras, minhas. Sem pensar se virão, se têm um trabalhão danado por 15 minutos, hoje não serei justo ou ponderado. Vou passar o dia ao meu lado. Tomara que consiga ser boa companhia. Farei discursos, todos curtos até às 8, há um tempo máximo para as promessas. Depois acho que uma cerveja. Hemingway ja disse que bebia para que as pessoas ficassem interessantes. Eu, pra que o sono venha antes.