Meu dia da árvore

Assim que chego, me pergunto se ela estará lá, é uma dúvida contínua, quem sabe injusta. A aproximação é sempre cautelosa e alegre, uma mistura de foto e síntese do abraço longo que trocaremos. Reapresentações feitas, entendimento renovado, saudade revista e ajustada no carinho que recebo, único capaz de transformar a toxidade que nos separa em raiz, constância e silêncio que dividimos. Você tá bem, benzinha? Gosto tanto.
O lago não tem casa e não reflete belezas, exatamente. Mostra mais o belo que sobra pra se ver, enorme ainda. Mas confuso entre pedra e pó. Até os gansos estão entre curiosos e em duvida. É o lago que reflete a cidade ou o que acontece é o contrário disso? Não sei, mas rezei e tu estavas ali, eu que gosto mais um tanto.
Num canto, bichos alados avuam, em nados sincronizados. Rasantes, costuras, zig zags e nenhuma multa com que se preocupar. Nossos anjos da guarda municipal não têm asas, ainda bem. Pedi aos outros que cuidassem de ti. E se não fizerem isso, lhes arranco as penas.
É um amontoado de água, uma toada de sons esgarçados, sem tanta graça e vindo das garças. Se alguém jogar um pacotinho de pipoca, a bicharada, peixes inclusos, ficará em estado alfa de agitação, mas logo passa. Como tudo que te ou me preocupe. Fica calma, allminha. Tudo está bem cuidado.
A gente celebra o fim do dia, como canta Caetano. Que ele tenha sido de sonhos e de cura.
A noite chega, traz a hora das horas escuras, além  de saudade tua. Fico bem ao teu lado, de onde não saio faça sol ou faça lua. Sim, claro que amo.

Filosofia dá em árvore

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