Entendi algo que me intrigava a tempos. Não o algo todo, não o algo por completo. Uma parte do algo. Algo no grande algo que me embestava. Algo que causava algo em mim. Uma sutileza curiosa. Um riso distribuído. Algo.
Quando alguém ou alguma coisa produz algo, há algo ali. Pesquise, procure, leve no bolso, pense. Te enternece, te movimenta, resiste, orienta, é algo à prova d’água. É porque é algo diferente ou bom. Quando é algo bom. Quando algo não é, não é algo. É coisa. Não confundir com coiso, que pode ser qualquer coisa ou algo.
Algo te fala, conta, aponta, trata-se de um algoritmo, intuição. Forma, formato, recorte, hiato, classe, atitude saborosa que salgo. Não é o tamanho, é o porte que importa. São as notas amadeiradas, os vinhos tomados, as cocas geladas, a forma de algo que você sabe o nome, mas não consegue explicar, como o macio do algodão.
É um jeito, um gesto, o interesse real, uma verdade vivida, algo que galgo. Teu segredo não é secreto, não há nele mistérios, fábulas ou metáforas. É um carinho exato, um puro sangue que cavalgo entre asteriscos, meias palavras, frestas, rabo de olho, presença e distanciamento. Acho que seja o amor que não se torna algoz.
Teu algo se transforma em afeto indispensável. Olhe bem. Tem algo nas palavras lago, gola, Olga ou galo. Em todas elas há algo. Então penso que não temos algo em comum, mas algo incomum, raro, vindo de lugar algum, feito à mão com o dom dos talentos.

O que me intriga é ao contrário de me tirar o sono, o tempo ou o fôlego. Se chama interesse curioso pelo que o outro faz, o que sente, porque age, onde mente. É feito desses algos imateriais as tuas vindas. As tintas usadas, as palavras novas, os aromas sugeridos, a vontade declarada. É como Clarisse, outra com outras por dentro. Diz algo, mas o não dito, só o que precisa ser escrito. Combate o ego e se dispõe a ver a verdade da vida assim, sem certezas e cheia de uaus, de ohhhs, de poxas. É a parte que vi, de tantas artes insinuadas. És minha surpresa. Sou teu fidalgo. ***