Adoradores de madeira

Entendo que o espelho em formato de Deus Maia foi um excesso. A melancia (que adoro) na mesa, desnecessário. A mesa não é tudo isso. Os pratinhos empilhados são de gosto duvidoso. Esses baús compondo a cena, que desperdício. Vamos de fundo infinito branco e pensa na bike de madeira náutica, 3 marchas, banco retrô, capaz de evitar certas dores e com um charme tipo que coisa. Pneus brancos e freio no pé, o que realça belezas e evita complexidades de dois freios, um na roda da frente, outro na traseira. Simplifiquemos tudo. A peça é totalmente leve, algo em torno dos 13 quilos, o que pode evitar 1 dia de chatice de academia, desde que você leve essa beleza pra cima e pra baixo pelo menos 2 vezes ao dia. 30 minutos de pedal, cabelos esvoaçantes, tudo em slow e temos uma cena de parar o trânsito. O preço vai exigir meditação, tente respirar, esvazie os pensamentos e a conta bancária: tudo é uma questão de desapego. Pense que é em madeira, material que deixa tudo mais bonito, com a vantagem de gastar nada de gasolina. Suba e arrase enquanto a trilha sobe e o portal se abre.

Vamos longe

R1 em plena ação

Desde que lembro de mim mesmo, felicidade e bicicleta andam juntas, são palavras boas como doce de leite e inseparáveis como banho de rio, ainda que tenha perdido a minha primeira justamente por isso. Já percorri trechos imensos e está tudo ali, a uma memória de distância. O pedregulho, o tombo feio, o asfalto lisinho, o deserto, o sal, o sol, a lomba, o ataque, o vento e o tempo que não importa. Bicicleta é uma aresta, um portal em movimento, é o momento inapelável em que se vence a curva, aponta na reta e a cabeça levanta, procurando o incentivo tremulante para mais uma volta.