Certos silêncios

silencioDiscursos são exuberantes. Eles e suas metáforas, lições, fábulas, escalas, estrofes e citações. Explicam, ponderam, transmitem, transformam. Há pra todo tipo de ambiente, circunstância ou gente. Mas alto lá, há muito dizquedizque, muito tititizmos, achistas de plantão, uma multidão teclando, blablazando, desconectados em rede. Quem ainda não reparou esse flerte entre o discurso e o falsete? Há uma intensa troca de olhares, mudanças de senhas, sinais codificados, claquetes profissionais, um acordo do clube dos perfeitos. Discursos e discursantes mantém verdades a uma boa distância porque isso mantém um mundo onde a harmonia se baseia na dissonância. Disfarçadas de eloquências, exiladas no país dos desmentidos, letras mortas, esquecidas em conversas sem tradução. Desmentidas, as palavras nos tornaram distantes, almas malditas e esquecidas do bendito que é o entendimento que proporcionam. E foi então que cada letra silenciada tornou-se um hino, um som, um sentimento, o descobrimento que viver são pontos de exclamação. Vivo descrevendo o dia da tua volta, palavra. Entre tantos, destaco. Entretanto, desacato. Palavra, pra mim, é lavra. Entre as safras, planto o muito que já passou. Te mantinham apartada de ti, palavra. Não está mais aqui quem falou.

Fé, irmãos

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Gente, um pouco de subversão, por favor. Alguém arrote no teatro ou passe a mão na bunda do Papa. Por um pouco de indisciplina, está tudo muito certinho, no lugar, bonitinho, cheio de supostas inteligências, parecemos um texto do Bial. Nelson Piquet, ensina a rapaziada como se guanha no braço. Chega dessa coisa aborrecida, tipo fazendo bico, perdendo tempo, criando regras, jogos, estipulando metas, agregando valor, adorando o Eike, tremendo de medo do Roberto Justos. Salve Garrincha, fala Cartola, surja Dona Ruth Cardoso, perdoa Dom Helder, ficamos sem fé no taco da gente, até o Blater começou a nos dar conselhos sábios. Então importamos palavras e gestos, medidas, decisões, nos tornamos sérios, respeitosos, seguidores de slogans, temos opiniões razoáveis, sonhamos esquerda, acordamos direita e na real, perdemos a noção de centro. Elegemos o Tiririca e fingimos surpresa ao ver o circo pegando fogo com o respeitável público dentro. Desliguem as TVs por dois fins de semana seguidos pra ver se as emissoras não melhoram rapidinho a programação do domingo. Mas não aguentamos, aguentamos? Então dê-lhe Faustão. Volta Newmar, reencarna Sartre, orienta Dalai, estamos à deriva, perdemos a graça, ficamos sofisticados demais para simplesmente viver e complexos em demasia para viver simplesmente. Gente, cadê a turma que fez o governo tremer? Quem diria, o Gabeira se entalou na GNT. Precisamos de uma geração inteira dizendo não estudo em colégio ruim, dispenso bolsa esmola, é impossível jogar bola de gravata e Nike, eu sei quem costura suas chuteiras. Por um drible indescritível, por uma cinema incrível, por um livro inesquecível, por um governo que não atrapalhe e por ex-presidentes que consigam ir embora. Precisamos de alguns milhares de homens de muita fé, antes que esses caras que plantam montanhas achem que podem mesmo ganhar o jogo. 

Discurso

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Neste momento onde o pais se expõe aos seus eternos discrutínios, notória é sua exprecência e precisamos agir. Não seremos os superlativos adjetivados, resistiremos quanto se possa às reticentes bossas desses geradores de gírias impériclas e diria mais, se não dissesse menos, que por hora é o que temos. Interrogações varzelian nossos campos e palavras nos faltam, além de evitarem os inevitáveis abundamentos sofísticos, elísticos e parece que o Inter ganhou. Levantaremos velas, mares e enfrentaremos irrefreados de tudo um pouco, ainda que não se saiba a exata medida dos quadris que perfilados sugerem um movimento, mas a sugestão não será aceita, alguém dirá bobagens e um sujeito chamado Olavo vai baixar a mão no baixinho de nome Sinval, uma loucura. Azeitemos sandubismos mortadecímacos, mas não passarão os viveres retintos, instrumento de tal valia que substituiria a falácia palavrínica, houvesse algum sentido nessa mão única. Pasmem, paspalhos. Mamem, bebês. Corram de tudo um pouco, é chegada a hora. E tenho dito.