
A Invenção de Hugo Cabret é um filme que não vi, baseado num livro que não li e que alguém fez o favor de me guiar em direção ao mundo civilizado, me apresentando à obra. Quem me conhece, sabe que leio de tudo. Bula de remédio, folheto de imobiliária, Bíblia, Cartas ao Amor Distante, Gibis, (adoro Asterix, por exemplo. Mafalda, quem não?), livros, livros, livros, manuais, dicionários, avisos em elevador, jornais, revistas, livrões, leituras me encantam. Entrar em território desconhecido como a Invenção de Hugo Cabret, não tenho dúvida: será estar um pouco conectado a um espaço portal, onde o tempo não importa e sim o fato de alguém ter estado ali ou ali permanece. Sem precisar pensar muito, me dou conta que te conto como quem conversa tudo o que se passa comigo. Não sei se percebes citações, declarações, convites, há muita possibilidade interpretativa em silêncios alongados, como aqueles ruídos da estática, comuns nas transmissões dos rádios amadores e “amadores” foi uma insinuação luxuosa. Ainda assim, junto aqui e ali um sinal e faço disso um pedaço de lembrança, um círculo de confiança, um anel, uma aliança e sigo deixando meus rastros pelos caminhos onde passo. São dias felizes, não há dúvida e (espero), aproveitados com a alegria de quem semeia, de quem pedala, de quem escreve e de quem conhece (ou quer conhecer) belezas como A Invenção de Hugo Cabret. Como sempre, farei isso um tanto com você e repartindo com quem me lê um pouco das delícias que vivo. Aceita um domingo amarelo de sol? Queres um texto de Drummond ? Abre um portal? Quem sabe caminhamos descalços no quintal? Talvez a gente acorde mais felizes de manhã. O que quer aconteça, será bom de ver, de ouvir ou de contar, tirando o fato de não haver qualquer lembrança de muros. Imagina a vista, querida, imagina a vista.
O presente de hoje é declamado por Roberto Carlos, direto de Drummond.