
Não existem tempos amenos se tais serenidades não resistam a trovões, chuvas e mesmo às tempestades. Não existem tempos pacíficos construídos aos gritos, nem acordos dignos assinados sob força bruta e desumanizada.
Tempo é uma passagem. Seu trabalho lapida montanhas e vidas para as encaixar às novidades que rascunhamos e que se aperfeiçoam na realidade. Algo não dura por resistir ao tempo, mas por se saber instável, sujeito a retoques e, mesmo assim, tudo tem dois fins. Um fim que encerra qualquer a causa, rendição incondicional, é o término. E outro, o fim que se revela desejo, missão, propósito, esse é sempre um início. Observa como palavra fim nos convida a possibilidades antagônicas? Saber distinguir o tranquilo do distraído, a inocência da ingenuidade, o fim do fim é sempre um desafio.
Vi alguns filmes sobre ilhas habitadas por combatentes alucinados. Gente que não sabia que uma determinada guerra havia terminado e, por isso, cumpria a missão de permanecer atirando à esmo e lidando com inimigos imaginários. É irreal, já que se trata de um roteiro cujo fim é o entretenimento. Mas no fim do filme, a metáfora se mostra concreta e viva. Qual batalha estamos enfrentando em nossas ilhotas distantes e silenciosas? Continuaremos lá indefinidamente? O que faremos após a vitória? Acreditamos na luta? Se a resposta for sim, queremos avançar pela causa? Quais são as estratégias, que resultados esperamos? Até que ponto é sim, qual é a fronteira do fim?
Estou exausto. E tudo que penso é voltar pra casa e te encontrar amena nessa troca intensa de afeto cujo fim é a felicidade mútua, o convívio aberto e o crescimento do que há de amável em nós. ***