Infimnito

” 8 é o infinito de pé “

Não existem tempos amenos se tais serenidades não resistam a trovões, chuvas e mesmo às tempestades. Não existem tempos pacíficos construídos aos gritos, nem acordos dignos assinados sob força bruta e desumanizada.

Tempo é uma passagem. Seu trabalho lapida montanhas e vidas para as encaixar às novidades que rascunhamos e que se aperfeiçoam na realidade. Algo não dura por resistir ao tempo, mas por se saber instável, sujeito a retoques e, mesmo assim, tudo tem dois fins. Um fim que encerra qualquer a causa, rendição incondicional, é o término. E outro, o fim que se revela desejo, missão, propósito, esse é sempre um início. Observa como palavra fim nos convida a possibilidades antagônicas? Saber distinguir o tranquilo do distraído, a inocência da ingenuidade, o fim do fim é sempre um desafio. 

Vi alguns filmes sobre ilhas habitadas por combatentes alucinados. Gente que não sabia que uma determinada guerra havia terminado e, por isso, cumpria a missão de permanecer atirando à esmo e lidando com inimigos imaginários. É irreal, já que se trata de um roteiro cujo fim é o entretenimento. Mas no fim do filme, a metáfora se mostra concreta e viva. Qual batalha estamos enfrentando em nossas ilhotas distantes e silenciosas? Continuaremos lá indefinidamente? O que faremos após a vitória? Acreditamos na luta? Se a resposta for sim, queremos avançar pela causa? Quais são as estratégias, que resultados esperamos? Até que ponto é sim, qual é a fronteira do fim? 

Estou exausto. E tudo que penso é voltar pra casa e te encontrar amena nessa troca intensa de afeto cujo fim é a felicidade mútua, o convívio aberto e o crescimento do que há de amável em nós. ***

O fim de tudo

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Pra viver leva uma vida inteira para viver leva uma vida inteira para viver leva uma vida inteira, muito cuidado: a repetição pode parecer interessante. É por isso que  a realidade não pode ser essa dança pavorosa dos senhores de farda, os donos da mídia, os agregadores de valor para coisas inertes. O fim do escuro é o que a claridade revela, ainda que às vezes, para entender, a gente precise rezar em alguns cantos e oferecer velas para tudo que existe de santo naquilo que não compreendemos como simplesmente natural. Transformamos a vida em algo que acontece lá fora enquanto o que somos adormece em nós. Mas não teremos êxito nisso: o  fim de tudo é a alegria das partidas inevitáveis, a saudade que deixa, o tempo vivido, ainda vívido em detalhes como esse, que você acabou de lembrar, ou que se lembrará ou que lamentará não deixar de herança para si mesmo: lembranças são fundamentais na vida . Mas nos esqueceremos disso porque o fim do amor são os sinais que traz, nos faz mensageiros de um portal. Habitá-lo exigirá mais coragem do que deixar que se feche, é o que mais acontece, é quando o mundo entristece e surgem os lamentadores dos amores perdidos, os deprimidos, o olhar fixo no que não está mais lá. Quem não honrar seu amor, verá o amor passar. E feliz, porque o fim do amor é ser feliz desde o início de tudo, quando tudo eram trevas e veio o verbo e do verbo se fez o amor iluminado, também conhecido por luz. É assim que vejo o novo ano, um novo dia, um novo projeto, um novo texto, a nova ideia, o projeto novo, o novo rumo, um novo amigo, um novo amor. Seu fim é ser totalmente surpreendente, impressionante, fascinante, contente, constante, bem dito. No fim, o fim de tudo é o infinito.