Discursos são exuberantes. Eles e suas metáforas, lições, fábulas, escalas, estrofes e citações. Explicam, ponderam, transmitem, transformam. Há pra todo tipo de ambiente, circunstância ou gente. Mas alto lá, há muito dizquedizque, muito tititizmos, achistas de plantão, uma multidão teclando, blablazando, desconectados em rede. Quem ainda não reparou esse flerte entre o discurso e o falsete? Há uma intensa troca de olhares, mudanças de senhas, sinais codificados, claquetes profissionais, um acordo do clube dos perfeitos. Discursos e discursantes mantém verdades a uma boa distância porque isso mantém um mundo onde a harmonia se baseia na dissonância. Disfarçadas de eloquências, exiladas no país dos desmentidos, letras mortas, esquecidas em conversas sem tradução. Desmentidas, as palavras nos tornaram distantes, almas malditas e esquecidas do bendito que é o entendimento que proporcionam. E foi então que cada letra silenciada tornou-se um hino, um som, um sentimento, o descobrimento que viver são pontos de exclamação. Vivo descrevendo o dia da tua volta, palavra. Entre tantos, destaco. Entretanto, desacato. Palavra, pra mim, é lavra. Entre as safras, planto o muito que já passou. Te mantinham apartada de ti, palavra. Não está mais aqui quem falou.