InQuantum

Quantum é só uma medida. Não tente aplicar lógica ao que há de infinito

Um amigo foi visitar o Grand Canyon. Antes desse passeio, ele me veio com uma dúvida divertida: “Mariel”, disse entre intrigado e curioso, “quanto tempo é educado ficar olhando aquele nada enorme pra poder, finalmente, ir ao shopping de uma vez?”. Entendi ali que tudo que for desejado mas mantido como secreto, emudecido, tudo que obrigamos ao calado, o que banimos para o subterrâneo das almas, nada disso se dilui. Algo ali se mantém resistente, indestrutível, feliz ou infeliz. Que não será possível submete-lo ao invisível, nem condena-lo ao ostracismo. Meu amigo pode achar chatinho o Grand Ganyon ou insignificante um grão de areia. O que não vai conseguir é impedir que ambos existam.

Eu acredito que o tempo é infinito e imóvel para todos os lados. Como percebo, o que se movimenta são as inúmeras manifestações da vida, o que abrange da semente de mostarda à montanha de milagres invisíveis e necessários para que germine. O tempo é uma linha sem fim, imóvel e formada por trilhas intermináveis onde nos movemos. Nessas trilhas, os acontecimentos com os quais aprendemos o exercício contínuo de ser e de estar. Somos nós entrelaçados, somos nós refeitos, reconhecidos em si pela existência do outro, que existe a partir daquilo que fomos capazes de ver.

Moram no tempo cada uma das suas alternativas, as coisas que lhe são assemelhadas, os portais e o que existe no sempre. Nada nele é repentino, abrupto, desvirtuado de sentido. Senhor de si mesmo, construtor de destinos, juiz das certezas, um deus não imutável, certamente um deus imp rfeito, um gigante, um clarão, o eterno instante de te ver. E se vens, seremos atemporais. Se não vens, ainda assim teremos sido o que haveria de ser.

Não te pergunto ressentimentos. Em mim, sempre é tempo de você.