Entre

Na esquina de todas as ruas que vivo, há um artista que tece presentes improváveis. Um pacote de suspiros, uma lata de vontades, várias duchas de água fria, um pé de alegria, todo tipo de prece pra qualquer desejo pendente.

Entre em portas entalhadas por mãos habilidosas ou pelo tempo que as torna hábeis e estarás de frente pra todas as ruas onde piso descalço. Ali lembro de ti se faz sol ou quando chove um pouco, bem mirrado, um trapo de água doce, um naco fino de uma noite aguada, um veio dos diamantes azuis e seus brilhos silenciosos.

Já disse hoje? Já dei sinais, acendi fogueiras e subi na arvinha que a gente tem. O certo é que estou ali, onde parece que adormeço mas o que faço é vigiar a noite para alma que amo encontre o sol, brinque na rua e se quiser dormir, esteja tudo bem.