M(eu) módulo lunar

mariel fernandes.blog.sempre.crônica

Olhei a alma do mundo surgindo. Então vi, de coração partido, meu coração partindo, mas ainda assim sorri. Não sabia o que viveria, apenas vivi, um dia depois de outro dia.

Nesse tempo onde tudo passa menos as horas, fui meu barco e o porto de onde posso olhar o sol se opondo, se subtraindo, indo, renunciando à luz que possui para embriagar-se em noites onde nunca fui.

Minha saudade anda de bicicleta, é uma atleta que não se importa se tudo se contrai e o corpo dói. Não vivo ali. Vivo no que vivi. Amanheço no amor que pari. Anoitecendo, me refaço e conquisto luas e seus mares da tranquilidade. É um pequeno passo para mim. E um grande abraço para minha humanidade.

Coisas com ela

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Para ver mais longe, janela. Para ouvir sempre, aquarela. Uma comida boa? Galinha à cabidela, 
(mas gosto
muito
de pão com
mortadela)

Deus, parabéns: ficou ótimo o trabalho que saiu da costela. Se essa rua fosse
minha, a rua seria dela. E a lua, nossa estrela.
Paulinho da Viola,
salve Portela
Dos Mamonas,
saudade da
Brasília amarela. 

Pessoalmente, sou mais um cachorro quente apaixonado do que um conformado
jantar a luz de vela. Me dei conta que fiquei por pouco e que voltei com o coração
numa tigela.
Me refiz, (tá, um pouco
assustado) e descobri
que feliz ou infeliz é a
gente quem escolhe o
lado.

 

Significa dizer
que é decisão pessoal
morar no palácio ou viver
na favela.
Por que resolvi não partir?
Porque confirmei amores
bons. Eles tornam a vida
bela.

 

Está nos detalhes

As pequenas coisas
Andam devagar
porque nunca tiveram pressa

Entre tantos entretantos, estamos, no entanto não somos. No sumo das coisas, entrevistas, entre vistas e pontos de exclamação, usar ou não? Um caminho, dez caminhos, quantos ninhos, quantas vertentes tentei ver. Desatento, vivo no momento inexato da partilha, sou um ato, um fato, uma anatomia. Não é muito, mas basta. Do eterno a terna parte que gasta.

Gentes

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Toda pessoa me interessa, o gesto, o gosto e por quem seus sinos dobram. Pessoas são boas, algumas estão obras incompletas: vivem em curvas, sonhando com linhas retas.  Algumas são vestidos, se trocam, se gastam, esvoaçam pela vida, saem de moda, viram tendência ou panos de prato. Há dúzias de carros, centenas de Camaros, milhares de fusquetas, conheço duas ou três que são lambretas. Pessoas me deixam curioso sobre o rumo que tomam e o porque daquilo, o motivo sempre me intriga. Quando se toma a decisão entre ser leão ou viver formiga? Algumas, aos poucos, vão lentamente se afastando de si mesmas, essas me entristecem. Essas desamanhecem, o olho escurece, ficam enlutadas e submergem no silêncio das almas caladas. Corri esse risco, quase morri. Quem me salvou me salvou por amar uma vida que se ia, até que amanheci um dia , mas  ainda não agradeci, pelo menos não como devia. Pessoas são fundamentais, mesmo que eu esteja cada dia mais em dúvida sobre o pra que. O fato certo é que precisamos uns dos outros ou ficamos loucos, ciumentos e cheios de certezas. O que nos salva é a existência de tudo o que nos é  favorável e de todos que nos sãos contrários. É dessa fluxo que surge gente e gente ainda é a melhor saída, a grande chance de encontrarmos vida nos planetas que somos e nessa ilha que navega espaço à fora. Chatas, gordas, altas, cariocas, emergentes. Lindas, tolas, iradas, urgentes. Ainda temos tempo de curar as nossas chagas e de colocar na Terra uma grande placa: Tem Gente, mas há vagas.