Lume

Existem teses pra tudo. Explicações razoáveis para existências ou ausências. Especialistas explicam os vazios espaciais, buracos negros e gols do Inter. Não teço nesses fios, meu alcance é ali, onde consigo chegar de bicicleta. Uma vez me contaram sobre o efeito de um passeio ciclístico, a alegria que é e qual e causou. Ouvia a descrição endorfinado, encantado, feliz. Era sobre o vento, a paisagem, o movimento, os aromas. Há um tratado sobre isso? Há. Com figurinhas, testes e pesquisas de Harvard confirmando tim tim por tim tim com infográficos multicores. O ponto é que me parece vã a tentativa de explicar ou entender o que te causa o suco de laranja, porque se gosta do azul ou que delícia de assanhamento aquele tom de voz propicia. O que nos aproxima, como determinado sentimento se impõe, resistindo ou ignorando tempo? Há estudos sobre o tema? Anrãn. E são divertidos, com testes, figurinhas e pesquisas da USP, tudo esclarecido com simbolos, a matéria prima dos portais. Mas importa menos a explanação dos motivos ou o alinhamento das sinapses e chakras. Mas mas não se apresse pensando que estou apoiando a volta das trevas, negando a ciência ou vivendo de luz. Estou só falando que acredito que possam haver figurinhas, testes, teses, antíteses, normativas, regulamentações, desenhos, power points, documentários, testemunhais e a o sentimento bom que o cheiro de terra molhada inspira. Que existem explanações neuronais, caminhos espirituais, textos e reportagens diversas sobre o que sentimos. São leituras deliciosas, palavras lindas e um conhecimento gostoso de se adquirir. Mas nada, nadica, nadinha de pitibiriba precisa me explicar o que nos torna cativados. Por mim, o que me ilumina não me deve explicações.