
Desde que lembro de mim mesmo, felicidade e bicicleta andam juntas, são palavras boas como doce de leite e inseparáveis como banho de rio, ainda que tenha perdido a minha primeira justamente por isso. Já percorri trechos imensos e está tudo ali, a uma memória de distância. O pedregulho, o tombo feio, o asfalto lisinho, o deserto, o sal, o sol, a lomba, o ataque, o vento e o tempo que não importa. Bicicleta é uma aresta, um portal em movimento, é o momento inapelável em que se vence a curva, aponta na reta e a cabeça levanta, procurando o incentivo tremulante para mais uma volta.